A Bienal de Veneza - Pavilhão da Grã-Bretanha
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O Pavilhão da Grã-Bretanha na Bienal de Veneza representa um dos centros culturais e artísticos da prestigiosa exposição internacional. Sua história começou em 1938, quando o British Council assumiu a gestão, transformando-o em uma plataforma para alguns dos artistas britânicos mais significativos da época. Ao longo dos anos, o pavilhão abrigou uma série de exposições que refletem as transformações culturais, sociais e políticas da Grã-Bretanha, oferecendo uma visão crítica e inovadora sobre questões contemporâneas.
Um dos exemplos mais representativos é a exposição de 2024 intitulada “Listening All Night To The Rain”, curada por John Akomfrah. Esta obra entrelaça materiais filmados recentemente, vídeos de arquivo e imagens estáticas, utilizando áudio e textos de arquivos e bibliotecas internacionais. A exposição explora as memórias das comunidades de migrantes na Grã-Bretanha, destacando as experiências diaspóricas e as narrativas geopolíticas que moldaram essas comunidades. Um tema central é a discriminação enfrentada pelos imigrantes no Reino Unido durante o declínio pós-industrial do país a partir dos anos 60. Um caso emblemático é o de David Oluwale, um britânico-nigeriano que morreu tragicamente no rio Aire, em Yorkshire, vítima da brutalidade da polícia local.
A exposição utiliza a água como símbolo da memória e da continuidade histórica, fazendo referência ao trabalho do imunologista Jacques Benveniste. Akomfrah representa a água como um reservatório de narrativas do passado, presente e futuro, e como metáfora das flutuações temporais e dos movimentos migratórios. As imagens das inundações em Bangladesh a partir dos anos 80 destacam o impacto das mudanças climáticas e da herança colonial na região, conectando as catástrofes ecológicas aos conflitos militares e à devastação ambiental.
No passado, o Pavilhão da Grã-Bretanha abrigou exposições igualmente significativas. Em 2011, Mike Nelson apresentou “I, Impostor”, uma instalação complexa que recriava seções de um caravanserai do século XVII dentro do pavilhão britânico. A obra de Nelson, conhecida por suas instalações meticulosas, recebeu grande apreço internacional e destacou o diálogo entre espaços arquitetônicos e memórias históricas.
O British Council sempre selecionou cuidadosamente artistas e curadores para representar o Reino Unido na Bienal, garantindo uma evolução contínua dos temas abordados e das formas expressivas utilizadas. Essa atenção permitiu manter o pavilhão britânico como um dos mais relevantes e inovadores de toda a exposição, contribuindo para a disseminação da cultura e da arte britânica globalmente.
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