Cúria Júlia
Europa,
Italia,
citta, Roma,
Rione X - Campitelli
A Curia Júlia, localizada no coração do Fórum Romano, é uma das estruturas mais bem preservadas da antiga Roma e representa um importante exemplo da arquitetura e política romanas. Este edifício histórico, construído para sediar as reuniões do Senado Romano, passou por séculos de transformações e restaurações, mantendo intacta sua importância simbólica e histórica.
A construção da Curia Júlia começou em 44 a.C. por ordem de Júlio César, que pretendia substituir a anterior Curia Cornelia, por sua vez construída sobre a original, a Curia Hostilia, atribuída ao rei Túlio Hostílio. A nova curia fazia parte de um ambicioso projeto de reorganização do Fórum Romano. No entanto, César nunca viu seu projeto concluído, pois foi assassinado logo após o início das obras. Foi seu sucessor, Otaviano Augusto, que completou a construção e inaugurou o edifício em 29 a.C.O edifício original, danificado por um incêndio em 283 d.C., foi restaurado pelo imperador Diocleciano entre 284 e 305 d.C. A estrutura que podemos admirar hoje remonta principalmente a essa restauração. O fato de a Curia Júlia ter chegado até nós em tão boas condições se deve à sua conversão em igreja no século VII d.C., quando o Papa Honório I a transformou na igreja de Santo Adriano no Fórum. Esse uso contínuo como local de culto contribuiu para preservar a estrutura ao longo dos séculos, protegendo-a da destruição e do abandono.A arquitetura da Curia Júlia é um exemplo de monumentalidade sóbria. O edifício é construído em tijolo e revestido de estuque para imitar o mármore, com um grande portal de entrada ladeado por colunas e encimado por um frontão triangular. As paredes externas eram decoradas com placas de mármore na parte inferior, enquanto a parte superior apresentava um revestimento de estuque que simulava blocos de mármore. O telhado do edifício era coberto com telhas de terracota, e três grandes janelas na parte superior da fachada permitiam que a luz iluminasse o interior.O interior da Curia era composto por uma grande sala retangular, com cerca de 25 metros de comprimento e 18 metros de largura, com uma série de degraus em ambos os lados que serviam de assentos para os senadores. O piso original era de mármore policromo, com motivos geométricos que criavam um efeito visual extraordinário. No centro da sala havia um altar dedicado à deusa Vitória, onde os senadores realizavam sacrifícios antes das reuniões. Esse altar destacava a importância do culto à Vitória na política romana, símbolo do sucesso e da proteção divina do Estado.Durante a época republicana, a Curia era o centro da vida política romana, onde eram discutidas e votadas as leis que governavam o império. Os senadores, vestidos com a característica toga praetexta com uma faixa púrpura, se reuniam aqui para debater as questões cruciais relacionadas à política interna e externa. Com o advento do Império, o poder do Senado diminuiu significativamente, tornando-se principalmente um órgão consultivo que ratificava as decisões do imperador. No entanto, as reuniões senatoriais continuavam sendo eventos importantes, com os senadores ainda desempenhando um papel cerimonial e administrativo.Um anedota interessante envolve o imperador Elagábalo, que mandou pendurar um retrato seu enquanto realizava um sacrifício ao deus El-Gabal na Curia, causando a indignação dos senadores que não toleravam sua autocelebração. O retrato foi removido após sua morte, destacando as tensões entre o imperador e o Senado.Ao longo do tempo, a Curia passou por mais transformações. No século XVII, as grandes portas de bronze foram removidas para adornar a Basílica de São João de Latrão. Durante o regime fascista, a igreja de Santo Adriano foi desmantelada e o edifício foi devolvido à sua forma original romana, por ocasião das celebrações do bimilenário do nascimento de Augusto em 1938.
Leia mais
 
								 
								