Gran Teatro del Liceu
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O Gran Teatre del Liceu, localizado na famosa Rambla de Barcelona, é um dos teatros de ópera mais prestigiosos e históricos da Europa. Fundado em 1837 por uma sociedade de amantes da música e do teatro, o Liceu viu suas portas se abrirem ao público pela primeira vez em 4 de abril de 1847. Sua história é marcada por momentos de grande esplendor, mas também por tragédias como incêndios e ataques, que testaram sua resiliência.
O teatro nasceu como Liceo Filodramático de Montesión, uma sociedade dedicada à promoção das artes cênicas. O rápido aumento de membros e a necessidade de um espaço adequado levaram à construção de um novo edifício na Rambla, financiado exclusivamente por investimentos privados, sem nenhum apoio real. Esse modelo de financiamento, baseado em ações e quotas de participação, é único na Europa e reflete o caráter independente da burguesia catalã da época.
O edifício original, projetado por Miquel Garriga i Roca, podia acomodar até 3.500 espectadores, tornando-o um dos maiores teatros de ópera do continente. No entanto, em 9 de abril de 1861, um incêndio devastador destruiu grande parte do teatro, poupando apenas a fachada, o átrio e o foyer. A determinação dos proprietários permitiu a reconstrução em apenas um ano, com um projeto de Josep Oriol Mestres. A reabertura ocorreu em 1862 com uma apresentação de “I puritani” de Bellini.
O Liceu continuou a prosperar e tornou-se um símbolo da cultura catalã. No entanto, o teatro não estava isento de tensões sociais. Em 1893, durante uma apresentação de “Guillaume Tell” de Rossini, o anarquista Santiago Salvador lançou duas bombas na plateia, causando a morte de vinte pessoas. Esse evento traumático marcou profundamente a história do teatro e da cidade.
Ao longo do século XX, o Liceu enfrentou mais dificuldades. Durante a Guerra Civil Espanhola, o teatro foi nacionalizado e suas atividades foram suspensas. Após a guerra, voltou aos seus proprietários originais, mas teve que enfrentar uma crise financeira que durou até os anos 70, quando a Prefeitura de Barcelona e o governo catalão intervieram para apoiá-lo financeiramente.
Em 31 de janeiro de 1994, outro incêndio devastador atingiu o Liceu, destruindo quase completamente o edifício. Novamente, a resposta foi decisiva e imediata: o teatro foi reconstruído fielmente ao projeto original, mas com melhorias tecnológicas modernas. A reabertura em 1999 marcou um novo capítulo na história do Liceu, que voltou a ser um farol da cultura operística internacional.
Hoje, o Gran Teatre del Liceu pode acomodar cerca de 2.300 espectadores e possui seis níveis, com uma sala principal em forma de ferradura, inspirada no Teatro alla Scala de Milão. A sala dos Miralls (Sala dos Espelhos) e o foyer, reconstruídos de acordo com os desenhos originais, estão entre as partes mais fascinantes do edifício. O Liceu continua a ser um centro vibrante de atividades culturais, hospedando não apenas óperas, mas também concertos, balés e peças teatrais.
Entre os artistas de renome mundial que pisaram em seu palco estão Luciano Pavarotti, Plácido Domingo, Montserrat Caballé e Joan Sutherland. O teatro manteve uma tradição de excelência, com uma programação que inclui tanto os grandes clássicos do repertório operístico quanto óperas contemporâneas.
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