Parque Nacional das Calanques
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Les Calanques
O Parque Nacional de Calanques, estabelecido em 2012, é uma verdadeira joia natural e cultural localizada ao longo da costa mediterrânea da França, entre Marselha, Cassis e La Ciotat. Este parque único, que se estende por 520 quilômetros quadrados, é o único na Europa a incluir áreas terrestres, marinhas e insulares em um contexto periurbano, integrando assim cidade, mar e campo em uma harmonia espetacular.
O parque é famoso por suas calanques, enseadas rochosas que mergulham em águas cristalinas, criando cenários deslumbrantes. Estes lugares encantados não são apenas um paraíso para caminhantes e amantes da natureza, mas também habitats de uma biodiversidade excepcional. Eles abrigam mais de 900 espécies vegetais, incluindo 38 protegidas, e 140 espécies animais terrestres, como a águia de Bonelli e o geco noturno de Riou. A variedade de espécies marinhas também é impressionante, com mais de 60 espécies protegidas, incluindo golfinhos e baleias.
A história geológica das Calanques remonta a mais de 100 milhões de anos atrás, quando os sedimentos marinhos se acumularam formando rochas calcárias. Estas emergiram cerca de 60 milhões de anos atrás devido à colisão entre as placas tectônicas africana e europeia, e foram esculpidas pela erosão e pelas mudanças climáticas ao longo dos milênios. As glaciações do Quaternário baixaram o nível do mar, favorecendo a formação dos vales estreitos e profundos característicos que vemos hoje.
O parque também tem um rico passado humano. Os primeiros vestígios de presença humana remontam a mais de 20.000 anos atrás, como evidenciam as pinturas na caverna de Cosquer, agora submersa. Durante a Idade Média e até o século XIX, a área foi utilizada para agricultura, pastoreio e pesca, e muitas das tradicionais “bastides” e fazendas testemunham esse passado rural.
A proteção das Calanques tem raízes profundas na comunidade local. Já em 1923, o Comité de défense des Calanques foi criado para evitar o desenvolvimento industrial. No entanto, somente em 1999, com a formação do Groupement d’intérêt public (GIP) des Calanques, o processo formal que levou à criação do parque nacional em 2012 foi iniciado, assinado pelo primeiro-ministro François Fillon. Este longo caminho foi marcado por um intenso trabalho de consulta e sensibilização que envolveu entidades estatais, locais e a sociedade civil.
Entre as calanques mais famosas e visitadas estão Sormiou, Morgiou, En-Vau e Sugiton, cada uma com suas peculiaridades e belezas. Sormiou é a maior e mais acessível, perfeita para nadar e fazer snorkel graças às suas águas cristalinas e ricas pradarias marinhas. Morgiou, com sua vila de pescadores, oferece uma atmosfera tranquila e autêntica, ideal para explorações subaquáticas. En-Vau, famosa por suas altas falésias e praia de seixos brancos, é uma das mais espetaculares, acessível apenas por trilhas ou pelo mar. Sugiton é outro destino popular para caminhantes, com trilhas que oferecem vistas panorâmicas deslumbrantes da costa. O parque trabalha em colaboração com as comunidades locais para promover o desenvolvimento sustentável, proteger a biodiversidade e conscientizar os visitantes sobre a importância da conservação. As regras específicas do parque garantem que as atividades humanas, como pesca, caminhadas e turismo, sejam realizadas de forma a não prejudicar o meio ambiente.
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