O Marais

Europa,
França,
citta, Paris,
III, IV arrondissement
O Marais, um dos bairros mais antigos e fascinantes de Paris, estende-se pela margem direita do Sena nos terceiro e quarto arrondissements da cidade. Este bairro, que soube preservar intacta a sua atmosfera histórica, é hoje uma vibrante mistura de cultura, arte, moda e história. Ao caminhar pelas suas ruas estreitas e sinuosas, é possível sentir o eco dos séculos passados e ao mesmo tempo captar o dinamismo da Paris contemporânea. A história de Le Marais remonta ao século XII, quando a área era predominantemente pantanosa, daí o seu nome (“marais” em francês significa “pântano”). Foi drenada pelos Cavaleiros Templários, que construíram aqui a sua sede, o Templo, do qual hoje resta apenas uma torre. Durante a Idade Média, o bairro começou a desenvolver-se e prosperar, tornando-se uma área residencial para a nobreza parisiense. Este crescimento foi ainda mais estimulado pela construção da Place des Vosges, concluída em 1612, a primeira praça real de Paris, que se tornou um modelo para o urbanismo das praças europeias. A Place des Vosges é um exemplo perfeito da arquitetura renascentista francesa, com as suas fachadas uniformes em tijolo vermelho e pedra branca, telhados azuis em ardósia e arcadas elegantes. Esta praça não só representa o coração histórico de Le Marais, mas também é um símbolo do luxo e sofisticação da época. Entre os seus ilustres residentes encontrava-se Victor Hugo, que viveu no número 6, hoje sede do museu dedicado a ele. Durante os séculos XVII e XVIII, Le Marais continuou a ser um bairro aristocrático, com a construção de numerosos hôtels particuliers, residências privadas luxuosas que hoje abrigam museus e instituições culturais. O Hôtel de Sully, o Hôtel Carnavalet (hoje Museu da História de Paris) e o Hôtel de Rohan são apenas alguns exemplos destas magníficas residências que testemunham a riqueza arquitetônica do bairro. No entanto, com a Revolução Francesa, muitos nobres abandonaram Le Marais e a área entrou em um período de declínio. No século XIX, o bairro tornou-se uma área industrial e operária, com uma forte presença da comunidade judaica, que se estabeleceu aqui desde a Idade Média. A rue des Rosiers ainda é o coração do Pletzl, o bairro judeu, com suas sinagogas, padarias kosher e restaurantes tradicionais. No século XX, Le Marais foi salvo da demolição graças à obra do Ministro da Cultura André Malraux, que em 1962 o declarou “zona protegida”, iniciando um amplo programa de restauração e conservação. Esta intervenção permitiu preservar a integridade histórica e arquitetônica do bairro, que foi progressivamente reavaliado e valorizado. Hoje, Le Marais é um dos bairros mais modernos de Paris, com uma vibrante cena cultural e artística. Suas ruas abrigam inúmeras galerias de arte contemporânea, boutiques de moda, cafés e restaurantes modernos. O Centre Pompidou, localizado nas margens do bairro, é um dos museus de arte moderna e contemporânea mais importantes do mundo e um símbolo da inovação arquitetônica com sua estrutura futurista. O bairro também é um centro de vida noturna e entretenimento, com bares, clubes e locais de música que atraem tanto os parisienses quanto os turistas. Além disso, Le Marais é conhecido pela sua comunidade LGBTQ+, que contribuiu para tornar o bairro um lugar inclusivo e acolhedor, com inúmeros eventos e manifestações que celebram a diversidade. Uma anedota interessante diz respeito ao Hôtel de Sens, um palácio medieval que abrigou por um curto período a rainha Margarida de Valois, mais conhecida como a Rainha Margot. A lenda conta que, depois de ser expulsa do Louvre pelo marido Henrique IV, Margarida viveu aqui, e diz-se que um dia, furiosa por uma traição amorosa, atirou uma laranja ensanguentada contra uma das janelas, deixando uma marca visível até hoje.
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